Firmes pelo emprego <br>na Boulangerie

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Os tra­ba­lha­dores da Bou­lan­gerie de Paris con­ti­nuam a sua luta em de­fesa do em­prego e do pa­tri­mónio da em­presa, após o pa­trão ter en­cer­rado de forma ilí­cita três con­fei­ta­rias, na ci­dade do Porto, no dia 25 de Julho.

Esta terça-feira, ter­minou a vi­gília de 28 dias à porta da sede da em­presa, feita por turnos pelos 32 tra­ba­lha­dores. Na sequência do pe­dido de in­sol­vência, for­mu­lado pelos tra­ba­lha­dores com o apoio ju­rí­dico do Sin­di­cato da Ho­te­laria do Norte, uma ad­mi­nis­tra­dora pro­vi­sória de in­sol­vência foi no­meada pelo tri­bunal e tomou posse das ins­ta­la­ções.

Fábio Costa – um dos tra­ba­lha­dores no pi­quete – afirmou ao Avante! que a con­duta do pa­trão francês in­dicia má-fé e má gestão. «Sen­tíamos que havia algo no ar, quando co­meçou a faltar ma­téria-prima para tra­ba­lhar», re­cordou. Pouco tempo de­pois, «disse que íamos en­trar em fé­rias, du­rante o mês de Agosto, mas sem sub­sídio de fé­rias», e no dia 24 de Julho o pa­trão afixou «um papel, sem ca­rimbo, a in­formar que a em­presa ia fe­char».

O re­lato de Fábio con­ti­nuou, dando mais fun­da­mentos à acu­sação contra o sócio-ge­rente da Bou­lan­gerie: «Pri­meiro, disse-nos que ia pagar o sa­lário de Julho, mas com atraso, e logo no dia a se­guir veio dizer que afinal não podia pagar nada e que nem se­quer nos dava o do­cu­mento para pe­dirmos o sub­sídio de de­sem­prego, que fôs­semos para tri­bunal com ele!»

Pe­rante esta si­tu­ação, agra­vada pelo facto de o pa­trão ter re­ti­rado do­cu­mentos da em­presa, sob es­colta po­li­cial e a pro­tecção do con­su­lado francês, os tra­ba­lha­dores con­cluíram que «só nos res­tava pedir a in­sol­vência da firma».

Sobre o fu­turo desta luta, Fran­cisco Fi­guei­redo, pre­si­dente da di­recção do sin­di­cato e di­ri­gente da CGTP-IN, disse-nos que agora os tra­ba­lha­dores podem pedir a sus­pensão dos con­tratos de tra­balho e co­meçar a re­ceber o sub­sídio de de­sem­prego, o que é «fun­da­mental, dada a si­tu­ação so­cial muito di­fícil que este en­cer­ra­mento ilí­cito causou». Ao mesmo tempo, os tra­ba­lha­dores e o sin­di­cato vão bater-se para que a em­presa seja re­a­bi­li­tada e os postos de tra­balho man­tidos.

Entre os cerca de 20 tra­ba­lha­dores que an­te­ontem se en­con­travam à porta da em­presa, era unâ­nime o re­co­nhe­ci­mento de que o acom­pa­nha­mento e a so­li­da­ri­e­dade do sin­di­cato têm sido muito im­por­tantes. Apesar da in­cer­teza re­la­ti­va­mente ao fu­turo, dis­seram-nos que fi­zeram até agora o que pre­ci­sava de ser feito e de­cla­raram que vão con­ti­nuar a lutar para de­fen­derem os seus postos de tra­balho.




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